O Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I. P. (IPMA) inaugurou ontem dois novos radares meteorológicos em Coruche (Cruz do Leão) e em Loulé (Cavalos do Caldeirão), financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no âmbito do investimento RE-C08-i04.03 - Meios de prevenção e combate a incêndios rurais – Subinvestimento Rede de radares.

O montante global deste investimento foi de 2.791.188,00 EUR sendo que os trabalhos de adaptação das infraestruturas locais e o fabrico dos sistemas de RADAR tiveram início em abril de 2023.

As infraestruturas que iniciam operação, após período de testes, integram uma rede de cinco radares meteorológicos (Arouca, Coruche, Loulé, Porto Santo e Terceira) explorada pelo IPMA, todos dotados de tecnologia de polarização dupla.

Os sistemas de RADAR entraram em funcionamento no dia 29 de novembro de 2023 e desde o dia 3 de janeiro de 2024, as imagens individuais do produto de Máximos de Refletividade (dBZ) de cada um dos radares, bem como a de um mosaico do produto de Intensidade da Precipitação (mm/h), incorporando também o radar de Arouca, passaram a ser disponibilizadas em www.ipma.pt.

O início de operação destes radares integra a transição da polarização simples para polarização dupla, processo em fase avançada na União Europeia, e permite a Portugal figurar na linha da frente da monitorização e previsão meteorológica, ampliando a sua capacidade para entender e prever padrões e alterações climáticas e outros fenómenos meteorológicos, contribuindo para melhorar os processos de suporte à avaliação de risco através da uniformização e atualização da rede de radares do IPMA, ou seja, para melhoria tempestiva da vigilância e previsão meteorológica e na prevenção operacional de combate a incêndios florestais, contribuindo assim para a salvaguarda de vidas e bens, proteção ambiental e, em geral, para a melhoria da economia nacional, designadamente aquela que se desenvolve ao ar livre, em particular a agricultura, silvicultura e turística.

Esta mudança tecnológica acompanhou o fim de vida útil dos equipamentos existentes (15 anos em média para a tecnologia de polarização simples) e beneficiou das infraestruturas de suporte existentes nos locais, sustentando assim o desenvolvimento de técnicas digitais avançadas de outros serviços, públicos e privados, que passarão a ter acesso a esta informação sob a forma de serviços web, de acordo com a política de dados abertos do IPMA, procurando-se estimular o desenvolvimento pelo setor privado de aplicações dirigidas a segmentos específicos de mercado.

A informação gerada por estes novos sistemas de radar é relevante não só para Portugal, mas também para grande parte do continente europeu, em particular para Espanha (AEMet), com quem Portugal (IPMA) tem um protocolo de intercâmbio de dados em tempo real, nomeadamente na deteção e acompanhamento de fenómenos meteorológicos de tempo severo, com impacto na salvaguarda de vidas e bens.

Com estes radares pode-se agora, de forma mais precisa, monitorizar a intensidade e a movimentação de sistemas de precipitação, como chuvas intensas, o que oferece maior capacidade de prever inundações costeiras, detetar mudanças na pressão atmosférica e outras condições extremas que podem indicar a formação de tsunamis, ampliando a capacidade de alerta para comunidades costeiras e embarcações em alto-mar, mitigando riscos materiais e ambientais e melhor salvaguardando pessoas e bens.

No âmbito do mesmo projeto e como complemento aos novos radares foram instaladas duas estações meteorológicas, dois detetores de raios em Viana do Castelo (Chafé) e Olhão (PNRF) e um novo sistema de processamento de dados de raios (TLP), na sede do IPMA.

Segundo o IPMA, a Rede Nacional de Radares Meteorológicos, será completada, durante o corrente, com novos radares nos Açores, em São Miguel (Pico Santos de Cima) e nas Flores (Morro Alto).

2024-01-12