Realizou-se, nos dias 27 e 28 de novembro, a 3ª Conferência Internacional da Associação Portuguesa de Agricultura Celular (CellAgri Portugal), em Olhão, com o objetivo de fomentar e incentivar o desenvolvimento colaborativo da agricultura celular em Portugal e, ao mesmo tempo, partilhar os mais recentes avanços científicos e inovadores relacionados com produtos da agricultura celular, como carne, peixe, leite, colagénio, couro ou pele cultivados, tanto a nível nacional como internacional.

A conferência reuniu mais de uma centena de especialistas internacionais e representou uma excelente oportunidade para fortalecer o ecossistema científico e tecnológico do Algarve nestas temáticas. Destaca-se, neste contexto, o projeto INOVACEL que envolve parceiros da região Necton, S2AQUA, GreenColAb e CCMAR, e é cofinanciado pelo Algarve2030. INOVACEL é um projeto de investigação que propõe uma abordagem inovadora à produção de proteínas de origem marinha, recorrendo à aquacultura celular — uma tecnologia que permite o cultivo de células de peixes e invertebrados marinhos em ambiente controlado, eliminando a necessidade de abate animal e reduzindo a pressão sobre os ecossistemas marinhos. Fundamentado nos princípios da biotecnologia azul e da economia circular, o INOVACEL integra técnicas de cultura celular com ingredientes bioativos derivados de microalgas, promovendo um modelo de produção com reduzido impacto ambiental e elevado valor acrescentado.

A abertura foi marcada pelas participações de Joana Rosa, do S2AquaColab, João Garcia da Universidade de Wageningen, Maria João Maia, do Corium Biotech, Ricardo Calé, Presidente da Câmara Municipal de Olhão, e Maria de Lurdes Carvalho, Diretora de Unidade de Planeamento e Desenvolvimento Regional, em representação da CCDR Algarve.

A CCDR Algarve destacou os valores naturais e a beleza cénica das paisagens da Região, bem como a Dieta Mediterrânica enquanto estilo de vida reconhecido pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade. Sublinhou ainda a importância das nossas paisagens terrestres e aquáticas como fonte de produtos com potencial para desenvolvimento no âmbito da agricultura celular — desde as algas (micro e macro) aos peixes, ao polvo e outros invertebrados, passando pelo pomar de sequeiro, com produtos como o figo, a alfarroba e diversas espécies aromáticas e medicinais.

A poupança de água e de recursos vivos per si, que é assegurada pelas tecnologias de agricultura celular, inscreve, desde logo, esta metodologia como contribuindo para a Sustentabilidade. No domínio da Ética, foram sinalizados os procedimentos feitos neste contexto que, com uma simples extração de células, evitam manipulações constantes e abate, técnicas invasivas, ou o recurso a organismos geneticamente modificados. A par destes benefícios, foram realçadas a Replicabilidade e a Escalabilidade destes procedimentos, bem como os ganhos em Competitividade.

A CCDR Algarve apelou ainda à continuidade e reforço da investigação científica na Região, promovendo-se a transferência de conhecimento para as empresas e para o tecido económico, reforçando assim o potencial de inovação reconhecido ao Algarve.

2025-12-04