No passado dia 23, o Conselho Europeu concedeu o estatuto de candidato da União Europeia à Ucrânia e à Moldova. Um gesto cheio de simbolismo no que concerne à Ucrânia, já que a adesão de um país à UE pode levar décadas a se concretizar, mas que marca bem a posição europeia face à invasão russa.

A Ucrânia formalizou o seu pedido de adesão no dia 28 de fevereiro, ou seja, 4 dias após a sua invasão, o que se afigura como uma relação causa e efeito, embora a maioria dos ucranianos aspire pertencer à UE há vários anos. Já em 1993, dois anos após a queda da ex-URSS, o governo ucraniano descrevia a adesão à UE como um objetivo a longo prazo. Em 1994, com a assinatura do primeiro acordo bilateral de parceria e cooperação, verificou-se o estreitamento dos laços entre a UE e a Ucrânia, mas o virar de costas à Rússia deu-se, sobretudo, com a revolução Maidan, também apelidada de Revolução da Dignidade. E, desde então, esse virar de costas tem sido pago com inúmeras vidas humanas e com o medo constante de uma invasão russa que acabou por se concretizar.

Todavia, para se juntar aos 27, a Ucrânia tem um longo caminho pela frente, não obstante as reformas empreendidas desde 2014, nomeadamente a nível da administração pública e com a aprovação da “lei dos oligarcas”, que visa travar a corrupção e a influência dos mesmos nos domínios da política e da economia.

A destruição física e a fuga da população motivadas pela invasão russa deverão, segundo a ONU, vai  levar a fragilizada economia da Ucrânia a contrair entre 30% e 50% em 2022, empurrando para a pobreza cerca de 20% da sua população. Reconstruir o país é uma tarefa de várias gerações e que custará muitos milhares de milhões de euros, daí ter surgido um crescendo de vozes a pedir um Plano Marshall para a Ucrânia, semelhante ao que ajudou a reconstruir a Europa após a Segunda Guerra Mundial. Diferentes cenários estão a ser traçados: empréstimos, doações e uso de bens apreendidos aos russos e bielorrussos sancionados.

Apesar de todas as dificuldades e incertezas relativas ao futuro da Ucrânia, a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, ao falar da concessão do estatuto de país candidato à UE, declarou que "a decisão tomada fortalece todos nós. Fortalece a Ucrânia, a Moldávia e a Geórgia, perante a agressão russa. E fortalece a União Europeia, porque mostra mais uma vez ao mundo que a União Europeia está unida e forte perante as ameaças externas".

Veja aqui o nosso anterior artigo “Como é que os países aderem à UE”.

Notícias
2022-06-30